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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Caminho de Areia

A gente sempre ouve muitos relatos na vida. Experiências de pessoas, pequenas teorias. No fundamental do colégio, professores me diziam que o colegial passava rápido, tão rápido que era como uma "brisa no rosto"; um momento bom, mas que sem perceber, acabava. Quando pequena, me diziam sobre o amor, a paixão e a famosa sensação de estar com "borboletas no estômago". Parece que nos acostumamos com essas imagens, e quando surgem tais temas, estas, se relacionam. Mas é fato, que há uma diferença enorme de quando realmente se vive, porque a tal imagem se modifica, ou então se mostra ainda mais viva. Como se diz; quando somos crianças, aprendemos, mas é quando crescemos que compreendemos tudo aquilo que um dia foi dito. Existem coisas tão óbvias que, de repente, nos damos conta. Me sinto surpreendida.

Certas circunstâncias da minha natureza e da minha vivência, colocaram-me como uma pessoa muito insegura e medrosa. Algo bastante reversivo, mas que costuma me dominar. Junto a minha puberdade, então, as características se tornam mais intensas. Veem as dúvidas de quem sou eu?, o que estou fazendo aqui?, as confusões quanto aos meus sentimentos e o conflito diante da sociedade a nossa volta. Mas acho que nunca um medo; medo tão falado. O do futuro.
Creio eu, que meu futuro fora sempre bem certo. Eu não só sabia o que queria, como tinha certeza de que aconteceria. Nunca medi consequências, sacríficios... Isso passava pouco pela minha cabeça. Mas o medo do que viria era algo que eu sempre ouvia. Via em filmes, jovens temendo o futuro, no fim optando pelo presente, só que eu sempre achei tolo. Já que nunca sentira aquilo perfeitamente , eu tinha uma figura que a sociedade me colocara, então, o sentimento até estava ali. Mas não vivo. Do mesmo jeito, que estava, figuramente, na minha cabeça que a saudade é como um "buraco no peito". Algo metáforico. Entretanto, que quando sentira, se tornou a melhor forma para expressar tal sentimento. Aquela "metáfora" tornara-se muito correta, e estranhamente concreta.
Comecei a me ver, tolamente emocionada em filmes de fim de escola, uma formatura feliz em que, porém, separam-se de quem aprenderam a conviver, todos seguindo distintos caminhos. E passei a perguntar de quantos, que hoje conheço, numa cidade grande, cultivam seus amigos de escola? Aposto que fora praga, logo em seguida, ver pessoas com quem achei que estariam comigo para sempre, longe. Me entristecia também ver o tamanho das coisas que tinha para fazer, pensar, tantas escolhas a tomar, para poder iniciar minha vida adulta. E mais uma vez, como num crescente desespero, tomava conta de que, de uma hora para outra, tudo aquilo que eu sonhava para o meu futuro talvez não fosse bem aquilo que eu sempre quis. Só que, respirar e dizer que "essa é a adolescência que todos sempre falavam" não foi suficiente quando me via segurando, entre as mãos, a minha vida inteira.

Assim sendo, me deparei com o medo do futuro. Que batuca a alma, e me traz a vontade de simplesmente travar. Mas um medo tão arrepiante, que me faz rever tudo, faz temer a morte com muito mais força, faz temer o envelhecimento, temer as consequências das escolhas... Quero seguir em frente somente com a certeza de que, se errar, poderei voltar e consertar.
Daí me lembra um verso que escrevi na minha oitava série; era um exercício de metáfora, deveria criar alguma, suponho. Eu não lembro ao certo o que havia escrito, mas tinha algo de "seguir em frente, como uma pequena tartaruga que vai da areia ao mar". Escrever dela, na época, havia me lembrado de um documentário da televisão que contava o ciclo da vida das tartarugas. E me interessava ver que saiam de seus ovos na praia e percorriam até o desconhecido mar, instintivamente. No caminho muitas morrem, mas elas foram colocadas ali na vida e elas, simplesmente, vivem.
Tal caminho da tartaruga, me lembrou o caminho para o futuro. O qual não se pode fugir. E agora, quero poder aprender, poder ouvir de alguém, que não há o que temer, não há perigo. E que posso ser uma tartaruguinha e, inocentemente, atravessar o caminho de areia, em direção ao mar.

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